Educação
O custo da guerra para o futuro
Como calcular um futuro que nem começou e já foi subtraído?
Como calcular um futuro que nem começou e já foi subtraído?
Foi a pergunta que nos fizemos ao longo dessa pesquisa. Perder R$24 mil ao longo da vida, para uma pessoa de classe alta ou média alta, esses números podem parecer muito baixos. Mas, para a realidade da maior parte da população brasileira, eles são significativos:
Segundo o IBGE, 29,2% dos brasileiros sobreviviam em 2019 com renda inferior ou igual a meio salário mínimo per capita. Neste ano, com o valor de um salário mínimo (R$ 998,00), era possível comprar pouco mais de uma cesta básica no Estado do Rio, cujo valor era R$516,91 cada, comprometendo 51,8% do salário bruto.
O que significa para uma pessoa pobre perder 24 mil reais, em valores de 2019, por redução de pontos na proficiência decorrente de ter estudado sob tiroteios?
-48 cestas básicas
-377 botijões de gás
-6.098 passagens de ônibus municipais
O que move a guerra é o racismo
Por quê, a despeito das inúmeras evidências do fracasso das políticas de confrontos, os governos continuam a patrocinar o terror nas comunidades e a autorizar incursões bélicas de efeitos tão letais? O racismo é, sem dúvida, elemento central para responder a essa questão.
Se levássemos a sério o fato de que, sem guerra declarada, a polícia age deliberadamente contra pessoas, cidadãs e cidadãos brasileiros em idade escolar enquanto estes realizam seus estudos dentro de prédios públicos, pararíamos o país, derrubaríamos governantes, suspenderíamos todos os outros debates em curso e imporíamos um luto nacional capaz de abalar as estruturas do poder. Porém, não é o que acontece. O racismo oferece o sustentáculo ideológico da doutrina de eliminação de corpos negros e a violência permanece naturalizada entre nós